terça-feira, 31 de agosto de 2010

Música: George Harrison - Dark Horse (1974)



Olá.

O mestre George Harrison mostrou seu potencial durante os anos sessenta ao lado de Paul, John e Ringo, com músicas como “Something” e “If I needed someone” e conseguiu se superar com seu primeiro disco solo, considerado o melhor disco solo de um ex-Beatle, “All Things Must Pass”. Mas não é desse disco que eu falo hoje. O disco da vez é um dos mais injustiçados da carreira do George:

Dark Horse.

O álbum “Dark Horse” foi gravado e lançado no ano de 1974, uma época conturbada na vida de George. Naquele ano, ele e sua então esposa Patti Boyd se separaram, e a modelo logo começou um relacionamento com Eric Claton (lembram da história? Então...). Além disso, George estava amarrado a uma agenda apertada que incluía uma turnê americana (a única de sua carreira) e a gravação do disco. O músico então teve um mês para gravar todo o álbum, enfrentando os problemas com seu amigo Clapton (que toca no disco), e uma laringite aguda.

Sem ter tempo para um tratamento eficaz, Harrison acabou tendo que gravar doente, e a diferença no timbre de sua voz, que ficou mais rouca, é bem evidente ao longo do álbum (o que não quer dizer que esteja pior. Já ouviram falar de Bob Dylan?). Por conta dessa voz debilitada, George foi bastante criticado pelo disco, assim como pela turnê, que teve início logo depois de “Dark Horse” ter sido lançado.


O álbum começa com a instrumental “Hari`s On Tour (Express)”. É uma instrumental animada com momentos mais swingados. A guitarra e o sax seguram o riff. “Simply Shady” sucede a primeira música, e nela já podemos perceber a diferença na voz de George, que se encaixa perfeitamente com a produção e o clima do disco. “Simply Shady” é uma balada que, mesmo tendo um andamento mais lento, possui muita energia. A terceira música, “So Sad”, começa com um belo violão dedilhado, que aos poucos ganha o acompanhamento de outros instrumentos. Harrison canta com um ar inicialmente profético, que culmina em um refrão simples, com as conhecidas quebradas de ritmo do músico.

O disco ganha um clima um pouco mais instigante em “Bye Bye Love”. George desenha uma linha de bateria bastante original, que é acompanhada por dedilhados bem trabalhados nas guitarras e violões e por um baixo com muito mais liberdade e espaço no arranjo. O clima de “Bye Bye Love” é repetido em “Maya Love”. A bateria ganha um formato mais estático, mas ainda tem seus momentos ousados. Os teclados de Billy Preston ganham mais notoriedade.

Posso dizer que “Ding Dong” é provavelmente o pior momento do álbum. A melodia ganha um toque especial pela rouquidão de George, mas ainda é pobre e repetitiva, o refrão não empolga. Talvez seja a música mais descartável do álbum, ao contrário de “Dark Horse”. A sétima música do disco de mesmo nome tem um clima único que mistura o folk e o rock de uma forma sem precedentes. Os violões, a voz (que atinge o ápice da rouquidão Bob Dyliana), a bateria quebrada, tudo soa muito desafiador e poderoso. Uma música teoricamente simples, mas que ganha pelo quesito inovação.

O disco ganha um toque de música soul com “Far East Man”. Um andamento delicioso que me remete aos clássicos da música negra americana dos anos 70. Harrison exagera vez ou outra no falsete, mas é uma bela música, com os metais muito bem utilizados. “It is He (Jai Sri Krishna)” é mais uma música de George influenciada pela cultura indiana. Talvez não tanto quanto “Within you without you”, do disco dos Beatles de 67, “Sgt Peppers Lonely Hearts Club Band”, mas que ainda sim carrega certas características da música indiana, que reveza com batidas 4/4 convencionais nos arranjos. Uma música morna que encerra o álbum de forma eficiente.

1. "Hari's on Tour (Express)" – 4:43

2. "Simply Shady" – 4:38

3. "So Sad" – 5:00

4. "Bye Bye Love" (Felice Bryant, Boudleaux Bryant, George Harrison) – 4:08

5. "Māyā Love" – 4:24

6. "Ding Dong, Ding Dong" – 3:40

7. "Dark Horse" – 3:54

8. "Far East Man" (George Harrison, Ron Wood) – 5:52

9. "It Is "He" (Jai Sri Krishna)" – 4:50

E para se ter um gostinho:

Simply Shady: http://www.youtube.com/watch?v=Nfp03lmkYm0

Dark Horse: http://www.youtube.com/watch?v=_ODvpEt2ge0

Haris on Tour (Express): http://www.youtube.com/watch?v=bTjXVfCG0t0&feature=related

Espero que gostem.

marcus


terça-feira, 17 de agosto de 2010

Conversa Fiada: O Homem e o Poder

Gostaria de compartilhar com os leitores deste nosso espaço, um texto que por acaso achei pela internet e me despertou grande interesse, pela clareza com que trata algo tão comum em nossas vidas e sociedade como um todo.

O texto é de um radialista: Ferreira Leite.

O Homem e o Poder

O homem é o animal mais fácil de domar. Ele é facilmente enganado e seduzido por coisas superficiais como a beleza, a fama, o dinheiro, a reputação e o poder. Às vezes parecem tolos e, mesmo que se esforcem, não conseguem enxergar as coisas que acontecem à sua volta. A convivência do homem com o poder acaba lhe proporcionando todas as demais tentações. O requinte atrai a beleza. A escalada rumo a ascensão natural traz a fama que, às vezes, embriaga e proporciona o assédio e a bajulação! Nasce, então, o elogio fácil! O poder alivia mágoas, elimina frustrações, massageia o ego, satisfaz o espírito, dá garantias, segurança, encobre situações e mascara as até então transparentes verdades do homem. Todos os sintomas desse realismo fantástico podem, no entanto, ser medido e constatado quando o poder se vai. Não são muitos os homens que sabem conviver com o fascínio resultante do poder. Em menor quantidade são aqueles que sabem perde-lo! No auge, são poucos os homens que conservam os seus hábitos, as suas amizades e sentam-se à mesa como simples mortais. Felizes desses, porque serão sempre brindados pelos amigos
que conquistaram, quando o poder se for. E o poder se vai! Quando o poder se vai, curiosamente vão-se os ‘amigos’ e com eles toda uma legião de oportunistas. Vale lembrar que, na gangorra dessa vida, um dia se sobe e no outro se desce. Essa alternância que a vida estabelece proporciona ao povo conhecer o verdadeiro caráter de um homem que teve o poder nas mãos. Proporciona também, e principalmente, ao homem avaliar as pessoas que vivem ao seu lado e à sua volta.


Jackson Santos