terça-feira, 31 de agosto de 2010

Música: George Harrison - Dark Horse (1974)



Olá.

O mestre George Harrison mostrou seu potencial durante os anos sessenta ao lado de Paul, John e Ringo, com músicas como “Something” e “If I needed someone” e conseguiu se superar com seu primeiro disco solo, considerado o melhor disco solo de um ex-Beatle, “All Things Must Pass”. Mas não é desse disco que eu falo hoje. O disco da vez é um dos mais injustiçados da carreira do George:

Dark Horse.

O álbum “Dark Horse” foi gravado e lançado no ano de 1974, uma época conturbada na vida de George. Naquele ano, ele e sua então esposa Patti Boyd se separaram, e a modelo logo começou um relacionamento com Eric Claton (lembram da história? Então...). Além disso, George estava amarrado a uma agenda apertada que incluía uma turnê americana (a única de sua carreira) e a gravação do disco. O músico então teve um mês para gravar todo o álbum, enfrentando os problemas com seu amigo Clapton (que toca no disco), e uma laringite aguda.

Sem ter tempo para um tratamento eficaz, Harrison acabou tendo que gravar doente, e a diferença no timbre de sua voz, que ficou mais rouca, é bem evidente ao longo do álbum (o que não quer dizer que esteja pior. Já ouviram falar de Bob Dylan?). Por conta dessa voz debilitada, George foi bastante criticado pelo disco, assim como pela turnê, que teve início logo depois de “Dark Horse” ter sido lançado.


O álbum começa com a instrumental “Hari`s On Tour (Express)”. É uma instrumental animada com momentos mais swingados. A guitarra e o sax seguram o riff. “Simply Shady” sucede a primeira música, e nela já podemos perceber a diferença na voz de George, que se encaixa perfeitamente com a produção e o clima do disco. “Simply Shady” é uma balada que, mesmo tendo um andamento mais lento, possui muita energia. A terceira música, “So Sad”, começa com um belo violão dedilhado, que aos poucos ganha o acompanhamento de outros instrumentos. Harrison canta com um ar inicialmente profético, que culmina em um refrão simples, com as conhecidas quebradas de ritmo do músico.

O disco ganha um clima um pouco mais instigante em “Bye Bye Love”. George desenha uma linha de bateria bastante original, que é acompanhada por dedilhados bem trabalhados nas guitarras e violões e por um baixo com muito mais liberdade e espaço no arranjo. O clima de “Bye Bye Love” é repetido em “Maya Love”. A bateria ganha um formato mais estático, mas ainda tem seus momentos ousados. Os teclados de Billy Preston ganham mais notoriedade.

Posso dizer que “Ding Dong” é provavelmente o pior momento do álbum. A melodia ganha um toque especial pela rouquidão de George, mas ainda é pobre e repetitiva, o refrão não empolga. Talvez seja a música mais descartável do álbum, ao contrário de “Dark Horse”. A sétima música do disco de mesmo nome tem um clima único que mistura o folk e o rock de uma forma sem precedentes. Os violões, a voz (que atinge o ápice da rouquidão Bob Dyliana), a bateria quebrada, tudo soa muito desafiador e poderoso. Uma música teoricamente simples, mas que ganha pelo quesito inovação.

O disco ganha um toque de música soul com “Far East Man”. Um andamento delicioso que me remete aos clássicos da música negra americana dos anos 70. Harrison exagera vez ou outra no falsete, mas é uma bela música, com os metais muito bem utilizados. “It is He (Jai Sri Krishna)” é mais uma música de George influenciada pela cultura indiana. Talvez não tanto quanto “Within you without you”, do disco dos Beatles de 67, “Sgt Peppers Lonely Hearts Club Band”, mas que ainda sim carrega certas características da música indiana, que reveza com batidas 4/4 convencionais nos arranjos. Uma música morna que encerra o álbum de forma eficiente.

1. "Hari's on Tour (Express)" – 4:43

2. "Simply Shady" – 4:38

3. "So Sad" – 5:00

4. "Bye Bye Love" (Felice Bryant, Boudleaux Bryant, George Harrison) – 4:08

5. "Māyā Love" – 4:24

6. "Ding Dong, Ding Dong" – 3:40

7. "Dark Horse" – 3:54

8. "Far East Man" (George Harrison, Ron Wood) – 5:52

9. "It Is "He" (Jai Sri Krishna)" – 4:50

E para se ter um gostinho:

Simply Shady: http://www.youtube.com/watch?v=Nfp03lmkYm0

Dark Horse: http://www.youtube.com/watch?v=_ODvpEt2ge0

Haris on Tour (Express): http://www.youtube.com/watch?v=bTjXVfCG0t0&feature=related

Espero que gostem.

marcus


terça-feira, 17 de agosto de 2010

Conversa Fiada: O Homem e o Poder

Gostaria de compartilhar com os leitores deste nosso espaço, um texto que por acaso achei pela internet e me despertou grande interesse, pela clareza com que trata algo tão comum em nossas vidas e sociedade como um todo.

O texto é de um radialista: Ferreira Leite.

O Homem e o Poder

O homem é o animal mais fácil de domar. Ele é facilmente enganado e seduzido por coisas superficiais como a beleza, a fama, o dinheiro, a reputação e o poder. Às vezes parecem tolos e, mesmo que se esforcem, não conseguem enxergar as coisas que acontecem à sua volta. A convivência do homem com o poder acaba lhe proporcionando todas as demais tentações. O requinte atrai a beleza. A escalada rumo a ascensão natural traz a fama que, às vezes, embriaga e proporciona o assédio e a bajulação! Nasce, então, o elogio fácil! O poder alivia mágoas, elimina frustrações, massageia o ego, satisfaz o espírito, dá garantias, segurança, encobre situações e mascara as até então transparentes verdades do homem. Todos os sintomas desse realismo fantástico podem, no entanto, ser medido e constatado quando o poder se vai. Não são muitos os homens que sabem conviver com o fascínio resultante do poder. Em menor quantidade são aqueles que sabem perde-lo! No auge, são poucos os homens que conservam os seus hábitos, as suas amizades e sentam-se à mesa como simples mortais. Felizes desses, porque serão sempre brindados pelos amigos
que conquistaram, quando o poder se for. E o poder se vai! Quando o poder se vai, curiosamente vão-se os ‘amigos’ e com eles toda uma legião de oportunistas. Vale lembrar que, na gangorra dessa vida, um dia se sobe e no outro se desce. Essa alternância que a vida estabelece proporciona ao povo conhecer o verdadeiro caráter de um homem que teve o poder nas mãos. Proporciona também, e principalmente, ao homem avaliar as pessoas que vivem ao seu lado e à sua volta.


Jackson Santos


quinta-feira, 22 de julho de 2010

Música: Derek and the Dominos - Layla and Other Assorted Love Songs (1970)


Olá.

Hoje o assunto é o Slowhand. Não sou um profundo conhecedor da obra do Eric Clapton nem de blues, mas sei reconhecer um bom guitarrista e um compositor iluminado quando ouço um, e Eric é um deles, e dos melhores.

Eric Clapton começou sua carreira nos Yardbirds, em 1963, abandonando a banda, que havia enveredado seu som para um modelo mais pop, em 1965. Eric queria pular de cabeça no Blues. Daí pra frente ele entrou e saiu de várias bandas, como John Mayall & The Bluesbreakers e Cream (conheço essa última. O Disco Disraeli Gears é simplesmente genial).


Depois de tocar em tantas bandas e mostrar o seu talento em uma ainda nova carreira solo e até em um disco dos Beatles, fazendo o solo de "While my guitar gently weeps", Clapton adquiriu um status de estrela, de gênio da guitarra, e viu seu nome ganhando um peso maior do que o que ele estava interessado em carregar. A solução do mestre foi se unir a Bobby Whitlock, Jim Gordon, Carl Radle e Duane Allman para formar a Derek and the Dominos, lançando um disco teoricamente longe da pressão e da responsabilidade de ser "Eric Clapton", um disco considerado posteriormente seu melhor trabalho.

Layla and Other Assorted Love Songs.

Essa obra-prima de 1970 é um disco de blues rock em que Eric despejou toda a angustia da sua vida pessoal, na época conturbada. O guitarrista estava perdidamente apaixonado pela esposa de seu melhor amigo, ninguém menos que George Harrison (!), a modelo Pattie Boyd. Eric conseguiu com maestria interligar o seu drama, seu amor até então não correspondido, com o conto árabe de Majnun e Layla (que eu desconheço, mas imagino ter muito a ver com a história dele e da Pattie). As letras acabaram relatando então o momento de tristeza e dor da vida de Clapton.

Do ponto de vista da música, "Layla and Other Assorted Love Songs" as vezes é rock, como em "Layla", as vezes é blues, como em "Nobody Knows You When You're Down And Out", as vezes é leve e lírico, como em "I am Yours", mas é sempre Eric Clapton. De modo geral, o álbum tem uma atmosfera suja e pesada. A sensação que se tem é de estar presente no estúdio ao lado dos músicos enquanto as músicas são executadas. Em músicas como "Anyday", "Keep On Growing" e "Layla" esse sentimento se mostra ainda mais forte diante de um instrumental frenético e poderoso. Além disso, as vozes de Eric e de Bobby Whitlock unidas refletem o clima de desespero contido do guitarrista, principalmente em músicas como "I Looked Away" e "Bell Bottom Blues", uma balada emocionante, a minha preferida no disco. Eu não vou nem tecer comentários sobre as guitarras do disco, de Eric e Duane Allman. Eu não conseguiria.

  1. "I Looked Away" (Eric Clapton, Bobby Whitlock) – 3:05
  2. "Bell Bottom Blues" (Clapton) – 5:02
  3. "Keep On Growing" (Clapton, Whitlock) – 6:21
  4. "Nobody Knows You When You're Down And Out" (Jimmie Cox) – 4:57
  5. "I Am Yours" (Clapton, Nezami) – 3:34
  6. "Anyday" (Clapton, Whitlock) – 6:35
  7. "Key To The Highway" (Charles Segar, Willie Broonzy) – 9:40
  8. "Tell The Truth" (Clapton, Whitlock) – 6:39
  9. "Why Does Love Got To Be So Sad?" (Clapton, Whitlock) – 4:41
  10. "Have You Ever Loved A Woman" (Billy Myles) – 6:52
  11. "Little Wing" (Jimi Hendrix) – 5:33
  12. "It's Too Late" (Chuck Willis) – 3:47
  13. "Layla" (Clapton, Jim Gordon) – 7:04
  14. "Thorn Tree In The Garden" (Whitlock) – 2:53

E para sentir o gostinho:

Anyday

Bell Bottom Blues


Clapton is God.

marcus



sexta-feira, 16 de julho de 2010

Música: Comentários a respeito do show do Beto Guedes, no dia 14


Pois é, Marcus, infelizmente, você não estava errado. O show teve muitos problemas. Paradoxalmente, foi um dos momentos mais emocionantes a que presenciei em um show. Por várias razões.

O repertório do show "Outros Clássicos" foi escolhido pelo público, que votou pela internet. Tive a sorte do Beto abrir o show com a música em que votei: "O medo de amar é o medo de ser livre". Isso foi uma grata surpresa pra mim, pois sonhava ver essa música ao vivo.

A banda era muito boa e contava com o onipresente Neném na batera, o cada vez mais presente Adriano Campagnani no baixo, Cláudio Faria nos teclados, Ian Guedes e Augusto Rennó nas guitarras e violões. Também houve a participação do belíssimo acordeon de Célio Balona, do piano de Wagner Tiso e da voz da baiana Daniela Mercury. Além das participações especiais, a banda contou com o apoio de metais, com Fabiano Zan (sax e flauta) e Renison Oliveira (trompete); um quarteto de cordas integrado por Vitor Dutra (violino), Edson Queiroz (violino), Carlos Aleixo (viola) e Firmino Cavazza (violoncelo), e o trio vocal de Mônica Horta, Renato Guima e Valeria Braga.

Porém, por se tratar da gravação de um DVD e pelas dificuldades que o Beto vem enfrentando, houve muitas pausas durante todo o show, o que quebrou um pouco a continuidade do espetáculo. A produção também pecou um pouco, com cenário pobre para a gravação de um DVD e muitas intervenções por parte de "Roberto", o quase onipresente contra-regra, que chegou a passar em frente da câmera no momento em que Célio Balona foi chamado ao palco, que teve que repetir sua entrada para a gravação.

Apesar das dificuldades que o show enfrentou, foi um momento belíssimo de interação do público com o artista. Foi tocante ver todo o esforço do Beto em conseguir registrar no DVD uma performance satisfatória, o que foi um pouco dificultado pelos vários momentos em que teve que parar por esquecer algum trecho da letra. O público, ao invés de se mostrar impaciente com essas situação, demonstrou enorme carinho e aplaudia cada vez mais, não se imortando com quantas vezes teria que repetir o momento, desde que ficasse bom.

A empatia do público com o artista ultrapassou a questão da análise técnica e transbordou em pura emoção durante toda a apresentação. Foi uma das apresentações mais verdadeiras a que assisti e todos perceberam que estavam diante de um momento especial. O artista estava ali, despido de qualquer falsidade que pudesse haver num show, escancarando sua beleza e sua dor. E quanta beleza nisso! Ao longo do show, pudemos lembrar tantas canções que parecem ter sido vindas diretamente da alma, que tocam fundo quem as sabe ouvir!

Só para citar algumas, destacaria Boa Sorte (Luiz Guedes, Tomas Roth e Marcio Borges):

"Viagens de buscar
Sertão e beira-mar
Brincar de bem-me-quer
E uma doce companheira
Sempre

Hoje a noite serenou
Orvalho nos quintais
Acordei pensando em nós
E uma estrela caiu " (...)

Tanto (Beto Guedes e Ronaldo Bastos), com hipnotizante arranjo de metais,

Luz e mistério (Beto Guedes e Caetano Veloso), com a participação de Daniela Mercury:

"Oh! Meu grande bem
Pudesse eu ver a estrada
Pudesse eu ter
A rota certa que levasse até
Dentro de ti

Oh! meu grande bem
Só vejo pistas falsas
É sempre assim
Cada picada aberta me tem mais
Fechado em mim

És um luar
Ao mesmo tempo luz e mistério
Como encontrar
A chave desse teu riso sério" (...)



e a marcante participação de Célio Balona em Quatro, linda canção e poema de Beto Guedes e Marcio Borges:

"As quatro luas
Na tua pele morna
Desenham meu sinal
Mistério de teus abismos, mulher

De todo amor poder vencer
O turbilhào de viver

Teus olhos claros são meu farol

As quatro cordas
Do instrumento choram
Exatas como o sol
Clareia o céu
A cada manhã

E um acorde faz nascer
O infinito querer
Bem

Teus olhos claros são meu farol

Estrada longa estrada
A me levar sempre embora
Nas quatro direções
Da rosa dos ventos
Tarde demais

Agora estou tão preso a ti
Meu corpo quer te levar

Teus olhos claros são meu farol

A nuvem pálida
No céu desses meus desejos
Encobre toda a paz
E põe no meu caminho quatro ilusões

Amar, viver, cantar e ser
O que eu não posso negar
Não

Teus olhos claros são meu farol"

O show foi encerrado com Vevecos, canelas e panelas, momento em que o público se levantou e se aproximou do palco, vibrando e tendo a certeza de que, apesar das dificuldades técnicas daquele momento específico, havia estado diante de um grande artista.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Souaii: Banda Souaii no Orkut


Olá.

O pequeno post de hoje é para apresentar o perfil da banda Souaii no orkut. O perfil tem informações sobre a banda, além de uma boa quantidade de fotos. Nós esperamos poder postar cada vez mais novidades sobre a Souaii, tanto no coisa à toa quanto no perfil da banda no orkut.




Espero que gostem.

marcus


sábado, 10 de julho de 2010

Conversa fiada: Gravação de novo DVD de Beto Guedes no Palácio das Artes

Olá.

Beto Guedes, meu artista favorito entre os que compõem o clube da esquina, se apresenta dia 14 de julho no Palácio das Artes para gravar o seu novo CD/DVD ao vivo.

O projeto, intitulado "Outros Clássicos" resgata algumas das composições não tão conhecidas do mineiro com arranjos de Wagner Tiso.



Evento: Beto Guedes
Data: 14 de julho
Horário: 21h
Local: Grande Teatro
Valor: R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia-entrada*)
Informações: (31) 3236-7400

Imagino que o repertório seja maravilhoso, mas tenho minhas dúvidas quanto a qualidade do show, o Beto já não é o mesmo há um tempo. O jeito é esperar os comentários do Rafael Sena, guitarrista, que vai ao show (espero quebrar a minha cara).


Falar do Beto me fez querer escrever sobre um ótimo disco dele, o primeiro solo da carreira, mas como roubei do Rafa a chance de falar sobre "Obscured by Clouds", passo pra ele essa missão!

marcus

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Música: Pink Floyd - Obscured by Clouds (1972)

Olá.

Muitos discos do Pink Floyd são sempre lembrados pelos fãs com extremo respeito e admiração, como The Dark Side of The Moon, ou The Wall, outros com desdém, como A Momentary Lapse of Reason. No meio de tantos discos de sucesso, de tantos discos revolucionários e de tantos discos polêmicos, um trabalho da banda de 1972 parece as vezes ser esquecido até pelos mais fanáticos. Obscured by Clouds... Nome irõnico, não?

A banda lançou Obscured by Clouds em 1972, trilha sonora do filme La Vallée. Foi o primeiro a conseguir boas colocações nas paradas americanas, com a música Free Four. O disco foi gravado em um espaço curtíssimo de tempo de duas semanas, durante uma pausa nas gravações de "The Dark Side of The Moon".

"Obscured by Clouds" te leva a uma atmosfera calma e nostálgica. Uma música leve, mas que tem seus momentos de rock pesado. Gilmour brilha quase que sozinho no disco. As guitarras tem grande destaque em músicas como "The gold is in the..." , "Mudmen" e "Wot`s Uh...The Deal", que tem um solo maravilhoso de slide. É nele que estão as últimas letras feitas por David Gilmour para o Pink Floyd com a formação clássica. Gilmour só voltaria a compor para o Pink Floyd em "A Momentary Lapse of Reason", de 87.

Richard Wright destaca-se nas baladas. O disco parece ser o território perfeito para o tecladista do Floyd cantar. Seu timbre de voz encaixa perfeitamente com a textura do álbum, o que fica evidente em músicas como "Stay" e "Burning Bridges". E é a combinação da voz e dos teclados dele que me faz ter a impressão que "Obscured by Clouds" é um trabalho psicodélico e cinzento ao mesmo tempo. Roger Waters, o gênio criativo do Floyd, teve pouco destaque no álbum, provavelmente mais ocupado com o trabalho no Dark Side. Free Four, a música de maior sucesso do disco, foi a primeira a abordar a morte do pai de Waters. O tema seria, anos depois, uma das inspirações de Waters para compor para "The Wall" e "The Final Cut"



Apesar de "Obscured by Clouds" ser um disco recheado de boas músicas, de um Pink Floyd no auge de sua criatividade, o disco acabou apagado na história da banda. Quando entendemos os motivos percebemos que era um destino até óbvio para ele.



O Pink Floyd lançou em 1971, o filme "Live at Pompeii", que mostra uma apresentação da banda em um teatro na antiga cidade de Pompéia, sem nenhuma platéia. Não vou falar muito do filme por aqui, pretendo fazer um post especial pra ele no futuro, mas "Live at Pompeii" é um documento histórico, um dos símbolos do experimentalismo artístico do final dos anos 60 e começo dos 70, onde o Floyd faz o público viajar com a combinação perfeita de música psicodélica e imagens enigmáticas da cidade.

Dois anos depois a banda lança "The Dark Side of The Moon", disco de maior sucesso comercial da banda, um dos álbuns mais vendidos de todos os tempos, o pico da genialidade de David, Roger, Rick e Nick, e o Obscured ali... Um dos melhores discos da banda, entre as duas obras primas, escondido num mar de prismas.

Mas ainda existem os que se lembram dele. Procurem esse disco, ouçam. Não é simplesmente um disco obscuro do Floyd. É um dos melhores discos da banda, que merece mais atenção do público.

E pra dar um gostinho... David Gilmour apresentando em 2007 a música "Wot`s... Uh the deal", que compõe o álbum:


Espero que gostem.

marcus










sexta-feira, 2 de julho de 2010

Cinema: Monty Python - A Vida de Brian


Olá;

Hoje é dia de puxar o saco do maior grupo de comédia de todos os tempos! O Monty Python, formado por Eric Idle, Graham Chapman, John Cleese, Michael Palin, Terry Jones e Terry Gilliam, começou suas atividades no programa de televisão Monty Python`s Flying Circus, em 1969. O programa teve apenas quatro temporadas, mas o impacto do humor absurdo do grupo chegou a ser comparado ao impacto dos Beatles na música. O grupo fez shows, programas de rádio e até mesmo filmes, como "Em Busca do Cálice Sagrado" e "O Sentido da Vida", mas não é deles que eu vou falar hoje.

Hoje o assunto é a obra prima do grupo, o melhor trabalho do Monty Python segundo John Cleese, membro do grupo considerado o segundo maior humorista de todos os tempos. Hoje o assunto é "A Vida de Brian".

A Vida de Brian, de 1979, faz uma crítica ao fanatismo religioso e à igreja. O filme conta a história de Brian, um jovem judeu comum que, revoltado com a ocupação romana na Judéia, se envolve com grupos revolucionários e acaba sendo confundido pela ingênua
população de Nazaré com um Messias! A partir daí o que se vê é uma sequência de paródias de cenas até então engessadas pelos tabus da igreja e da sociedade como um todo.

O grupo transita com muita facilidade pelo humor non-sense característico, o besteirol e o humor inteligente. Os seis membros do Monty Python interpretam praticamente todos os personagens do filme, abusando das maquiagens, barbas falsas e vozes engraçadas, ao mesmo tempo em que
apresentam, de modo sofisticado, o lado ruim da religião tão próxima das cabeças e das vidas das pessoas. Tão sofisticado que foi incompreendido pelas cabeças mais simples.

O filme foi acusado de blasfemo, e houve muitos movimentos encabeçados pela igreja católica para que "A Vida de Brian" fosse proibido. Nenhum deles obteve sucesso justamente porque o filme não ofende em nenhum momento o mito de Jesus Cristo, mas sim a postura da igreja católica.

Enfim, recomendo demais essa comédia, eleita a maior comédia inglesa de todos os tempos. Dêem umas boas risadas enquanto refletem sobre certas coisas da vida.

Espero que gostem.

marcus


quarta-feira, 30 de junho de 2010

Cinema: Noivo Neurótico, Noiva Nervosa

Olá.

Hoje a dica de filme é um clássico de Woody Allen, um dos meus filmes preferidos. "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" curioso título em português para o filme "Annie Hall", de 1977, conta uma história simples de uma maneira bastante complexa. Complexa, neurótica e unica.

A história é a seguinte: Alvy Singer (Woody Allen) , é um comediante pessimista e neurótico que, depois de passar por relacionamentos amorosos insatisfatórios, encontra a atriz, fotógrafa e cantora Annie Hall (Diane Keaton), e o filme se desenrola contando o que acontece no relacionamento dos dois, ao mesmo tempo que escava, nas memórias de Alvy, alguns dos motivos pra tanta neurose.

É mesmo um filme imperdível pra quem gosta de qualquer forma de humor não convencional. Woody, que além de ser co-autor do roteiro e atuar, dirige "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa", consegue extrair humor de cenas trágicas ao mesmo tempo em que utiliza técnicas e conceitos do diretor italiano Federico Fellini, dando ao filme um toque surreal em cenas em que, por exemplo, Woody se vê adulto na escola
onde estudou quando garoto, cercado por seus coleguinhas, ainda pequenos, discutindo com a professora sobre as razões do seu desejo sexual ter se manifestado tão cedo!

E não se engane, essa não é uma comédia romântica como as feitas hoje em dia. "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" está em um patamar totalmente diferente. O humor é outro, e o foco de forma alguma é na beleza do amor, ou no romantismo em si. Se vocês assistirem a cena do primeiro beijo do casal, vocês entenderão o que eu quero dizer.

Espero que gostem.

marcus



terça-feira, 29 de junho de 2010

Conversa fiada: Because of The Times - onde Jared Followill se supera com suas marcantes basslines!

Galera,

Iniciando nos posts aqui no blog, já vou mandando uma resenha que fiz já há algum tempo e que postei nas comunidades Baixo Brasil e Kings of Leon, no Orkut.
E como sou o baixista da banda, não poderia ser diferente.
Falo basicamente sobre o trabalho do Jared Followill no Because of The Times, 3º álbum de estúdio do Kings of Leon.
O enfoque foi basicamente o contrabaixo no desenvolvimento e contribuição deste para o álbum, com algumas poucas citações aos outros musicos, o Nathan, Caleb e Matthew, visto que o assunto é o baixo em si.
Aliás, o Jared é um dos baixistas que mais me influenciaram desde que me entendo por músico.



Because of The Times (2007)
Kings of Leon
Baixista: Jared Followill
Baixo: Gibson Thunderbird IV - Ebony

É impressionante o fato de que no maior e melhor álbum do Kings of Leon segundo a critica, o baixista Jared Followill é o que mais se destaca!

Nos dois primeiros albuns, os três irmãos e um primo do sul do EUA, estiveram empenhados e arregaçaram as mangas na tentativa de fazer ''o mais puro rock'n roll'' mesclando influencias country, da música gospel americana e soul no geral, gerando assim verdadeiros clássicos para o rock nos anos pós-2000.

Because of the Times entretanto, tem um apelo maior pelo rock mais moldado e bem trabalhado e é justamente aí que todos os membros mostram que evoluíram após longos 5 anos de estrada divulgando os dois primeiros albuns, tempo em que viraram banda preferida de varios nomes consagrados da música, entre eles Bono Vox do U2, Mick Jagger dos Stones, os polêmicos irmãos Gallagher do Oasis, passando por Iggy Pop e a Chrissie Hinde do Pretenders, pra citar alguns.

Começando por Knocked Up, faixa introspectiva e ousada com 7 min. de duração, o baixista Jared Followill já dá uma amostra do que há por vir no álbum, carregando uma linha pulsante e bem definida no baixo.
A seguir temos Charmer, onde a introdução no baixo dita o ritmo que se segue, e há momentos que juntamente com o irmão Nathan Followill na bateria, eles simulam alguns grooves ''drum-n' bass'' que não chegam a ser nenhuma virtuose, porém elaborados de forma criativa e original.
On Call, terceira faixa do album, mostra Jared de uma forma diferente, em que novamente ele faz uma introdução, só que se aventurando no teclado agora, acompanhado apenas pelos vocais de seu irmão e guitarrista base, Caleb Followill.
A partir daí, Jared Followill impõe uma pós-intro apenas com os graves do seu Gibson Thunderbird IV e desenvolve aí uma linha de baixo impecável, em momentos de destaque para o primo e guitarrista Matthew Followill, que torna a musica ainda mais incendiária com seus solos igualmente criativos às linhas de baixo de seu primo.
A quarta faixa McFearless é tão boa quanto a anterior e não cansa os ouvidos por também contar com uma introdução no baixo, com um efeito de distorção bem interessante. A música quase nos remete a uma hipnose, em suas variáveis quase perfeitas entre linha de baixo e guitarra solo.
Black Thumbnail é marcada pelo baixo usando de forma precisa o efeito 'tremolo', em que há uma linha bem marcada e destacada, alternando com momentos eufóricos e de grooves acelerados.
My Party não deixa a desejar, com sua linha bem 'groovada' e novamente destacada: mais pontos para Jared Followill.
True Love Way talvez tenha a linha de baixo mais simples do álbum, mas não fica para trás, pois a melodia desta é carregada em sua forma basica, apenas pelas guitarras e principalmente pela ritmica da bateria. Ainda assim a linha de baixo cumpre bem sua função e Jared Followill manda uma linha bem conduzida e ainda consegue demonstrar bem o seu estilo de tocar, até nesta canção bem simples.
Ragoo é um dos trunfos do álbum.
Este reggae é provavelmente o que tira qualquer duvida em relação a evolução da banda e principalmente ao baixista, como músicos em crescente evolução de feeling e técnica: buscar novas inspirações e adaptá-las ao seu estilo, esta foi a tacada!
Jared Followill criou e executou uma linha de baixo em seu estilo próprio, bem preenchida e com um destaque que poucos baixistas conseguiriam, apesar de que todo reggae tendencialmente deve apresentar uma linha de baixo bem elaborada e por vezes destacada. Ele, ao mesmo tempo em que empunhou uma escala pouco usual no Reggae, criou uma linha distinta, que não ficou devendo a nenhum grande baixista da ''era Marley'' - pelo contrário: ao mesmo tempo, demonstrou mais uma vez ser um baixista autêntico e original ao criar suas linhas, respeitando cada estilo - sem firular - e inovando.
Fans apresenta uma linha simplória em alguns pontos - quase sem variar de tom - e em outros conta com uma criativa ''variação oitavada'', bastante usual no boogie dos anos 70 e inicio dos 80. Outra ótima linha, apesar de que nesta, fica a sensação de que ele poderia ter ido um pouco além e ousado mais.
A faixa a seguir é The Runner e aí Jared demonstra a imprescindível habilidade que todo grande baixista deve ter: saber criar linhas bem ''casadas'' com a bateria, mesmo sendo simples, o que dá um ótimo suporte para toda banda em si. Outra musica em que o baixo se mostra presente e ''guiando'' os outros instrumentos, de certa forma.
Trunk chega para ''balançar'' novamente e consegue!
Jared emprega uma linha melódica e com uma ritmica bem interessante, com seu estilo único de tocar!
A penúltima musica do álbum é Camaro, e com mais esta intro no baixo, que de cara faz lembrar o ''ronronar'' dos velhos carros ''sportage'' americanos, apresenta uma originalidade única, em que há continuas alternâncias entre ''notas soltas'' e uma linha de baixo bem pesada, hora agressiva e cortante, hora com uma melodia peculiar a parte. E para fechar o álbum, este clássico do Kings of Leon: Arizona!
É uma canção bem reflexiva, com grande influência soul e gospel, onde o baixo entra em certas partes da música com uma linha em continuo declive pelas notas e escalas de sua melodia. Outra linha marcante no baixo!

As B-sides referentes a alguns dos singles desse álbum:
On Call - My Third House;
Fans - Woo Hoo.
As duas últimas músicas não deixam nada a dever
para as que compõem o álbum.
Destaque para outra grande linha de baixo, na qual esta faixa tinha todos os pré-requisitos para também estar no Because of The Times: My Third House!

Confiram:

Até a próxima!

Jackson